A Ética na Filatelia

 

por Renato A. Machado (02/10/2006)


A conduta humana deverá ser sempre subordinada àqueles princípios ditadis pela moralidade e correção. Em área alguma da atividade, será de tolerar o oblívio e a ética. Até mesmo na política, campo anárquico da desenfreada ambição do homem, há de haver limites intransponíveis à conduta. Se esta é uma verdade desafiadora de objeção, com redobradas razões o é no universo da filatelia, que se não pode compadecer dos desvios de comportamento, já que repousa ela na intangibilidade de sólidos princípios, inflexivelmente, acolhidos como pauta incontrolável de procedimento. 

A verdade é uma, intolerantee, por tanto, incorruptível. Ela é como a virgindade:existe ou não. Assim como não há semivirgens, inexistem meias verdades. Seja o que for, estando em colisão com o real, é falso. Se contraria a verdade é enganoso e daí não há fugir. A filatelia não excepciona à regra universal. Tudo quanto não procede do correio com a finalidade de assegurar ao expedidor o direito de fazer chegar ao destino sua mensagem ou encomenda, não é selo e, portanto, tentar conceder a qualquer farrapo de papel a natureza que não tem, é pratica dolosa, lesiva não só ao bolso do colecionador incauto, como à própria filatelia. Estes comentários acodem-me em razão da maliciosa insistência da firma Soffer Filatelia, que se diz sediada no Largo do Paissandu 51, na Cidade de São Paulo, em incluir em suas vendas sob ofertas, como se ensaios de selos fossem, simples amostras preparadas pela fabricante do equipamento impressor, para demonstrar a capacidade e versatilidade deste. 

No catálogo de sua Venda que teria ocorrido em março último, fez ela incluir item que nada mais é se nào a figura concebida para mostrar as possibilidades técnicas do equipamento; etiquetas, adequadamente, coloridas, sem dizeres alguns, procurando sugerir, sem muito cuidado de dissimular, uma como alegórica bandeira brasileira, que o catálogo do leilão do Sr. Soffer ousa afirmar serem projetos de selos postais. Não passa a etiqueta de tentativa aceitável de exibir a versatilidade da máquina oferecida ao cliente, no compreensível propósito de comprovar a adequação da impressora às finalidades a que ela se destinava pelo adquirinte em perspectiva. 

Supondo eu tratar-se de ingênuo equívoco do anunciante, apressei-me em escrever-lhe informando-o do erro e esclarecenfo que a dita etiqueta não era como por ele apregoado, a prova de um selo, emanada do correio, mas apenas, amostra do trabalho capaz de ser produzido pela impressora Wifag então se propunha vender. Concedi-lhe, assim, imerecido crédito à possível boa-fé. Atribui a simples engano decorrente de desconhecimento, a descrição do lote. 

Inobstante advertido de não ser a tal amostra prova ou ensaio, reincide o Sr. Soffer, já agora, sem dúvida ciente dso erro que se revela intencional, no intento censurável de ilaquear o colecionadorinexperiente e volta a por a peça em licitação com a seguinte capciosa descrição: “869 – Quadra bandeira – ensaio para selo Bisneta (?!) não emitido” (venda programada para 15 de maio) 

Não será o caso de se lembrar a célebre frase de Cícero, diante da ousadia falaciosa, maçante, torrencial e irreprimível de Catilina: ”Quosque tandem, Catilina abutere patientia nostra?” 

 

Fonte: http://www.clubefilatelicodobrasil.com.br/artigos/aopiniao/etica2.htm