Graus de Raridade

 

Afinal, qual o critério que se adota para estabelecer o grau de raridade e, principalmente, o valor de um exemplar?

A procura por uma moeda pode aumentar significantemente seu valor. Uma moeda comum que é altamente estimada por colecionadores terá, sem dúvida, um valor maior que aquelas moedas pouco procuradas. As moedas raras terão maior demanda que moedas antigas mais comuns. Por exemplo, algumas moedas da Grécia e de Roma, apesar de sua idade, são relativamente baratas em razão de sua abundância. Note também que o número de moedas cunhadas não é indicativo da disponibilidade da moeda.

Devido às diversas vicissitudes históricas (dispersão, retirada de circulação, fusão, etc), pode acontecer que determinadas moedas cunhadas em número elevado, com o tempo, venham a ser consideradas mais raras do que outras cunhadas em quantidades consideravelmente menores. Assim, o grau de raridade se refere à dificuldade em se encontrar (pelos diversos motivos citados) determinada moeda.

No Catálogo Bentes, por exemplo, é graduada a raridade em conformidade com o descrito acima, indo desde as moedas muito comuns (CC), até a peça única, passando pela classificação R5 (RRRRR) que corresponde ao exemplar da mais alta raridade.

Mas quando podemos afirmar que um determinado exemplar seja raro?

A resposta espontânea deveria ser: Quando não é facilmente encontrada.

Mas não é assim tão simples; justamente porque o conceito de raridade envolve mais do que a mera interpretação do porque uma moeda se define rara.

Uma moeda é rara porque existem poucos exemplares ou porque não aparece regularmente no mercado?

Poder-se-ia argumentar que o importante é que seja definida como rara e que isso seria o bastante para exaurir o assunto. Apesar de ser difícil contestar tal acertiva, é importante esclarecer o motivo pelo qual algumas dessas raridades valem muito mais que outras.

Suponhamos uma moeda definida como Raríssima, porque conhecemos 10 exemplares, onde 7 deles pertençam a acervos conhecidos. Os 3 exemplares restantes, seriam propostos no mercado por longo período, mesmo por anos, sem que pudessem experimentar uma valorização. Podemos até arriscar que, dependendo da oferta e do número de vezes que venham expostas à venda, se arriscam até mesmo a sofrerem uma desvalorização.

Ao contrário, uma moeda Muito Rara, cunhada em tiragem de apenas 100 exemplares, mas com a vantagem do interesse de 200 potenciais compradores (por exemplo), seria facilmente negociada, gozando sempre de uma valorização, justamente porque se coloca numa relação de oferta e procura de 1 para 2 ou seja, uma moeda disputada por dois interessados em adquiri-la. Essa é a lei, a da oferta e procura, que regula o mercado e determina o seu valor. Mesmo com variações, é determinante.

Assim, podemos concluir que a raridade de um exemplar é, SIM, importante a fim de que se possa estabelecer um valor, mas não determinante.

Um clássico exemplo, reside nos 960 réis, a exemplo do 1815R Legenda Alternada. Trata-se de exemplar muito raro, que costuma aparecer no mercado a cada 10 anos, principalmente se em condição soberba. Mesmo que quiséssemos atribuir a este exemplar o valor que merece como raridade, tal cotação estaria bem acima do real valor de mercado, já que a lei que rege a comercialização dessa variante não lhe é muito favorável. Com o recente interesse do mercado internacional pelas nossas moedas, esperamos que esse quadro mude, valorizando cada vez mais a coleção numismática brasileira.

Valores

As avaliações, sobretudo aquelas relativas às moedas em grau de conservaçãoFDC, ou àquelas que não se vêem com frequência nas contratações comerciais, são suscetíveis de variações impostas pelo mercado.

As avaliações contidas no Catálogo Bentes, por exemplo, refletem a tendência do mercado até o final do segundo trimestre do ano precedente àquele a que faz referimento o manual. Sendo assim, os preços constantes do catálogo de 2012, fazem referência aos preços praticados até o final do segundo trimestre de 2011, época em que são terminados os trabalhos de revisão e estampa.

As moedas perfeitas, com pátina de medalheiro e em estado de conservação excepcional são citadas em casos particulares, por nós avaliados como sendo necessários a título de referência de mercado, haja vista estas moedas atingirem preços particularmente elevados por seu estado de conservação e por sua beleza. Veja, por exemplo, a moeda de ouro de 3200 réis, com data emendada (imagem ao lado). Não é a sua data, a quantidade cunhada, o seu estado de conservação, etc, que determinam sua raridade, mas sim o seu conjunto, tudo somado. Claro que irão aparecer outros exemplares no mercado, mas como esse, só se o próprio retornar.

O mercado numismático, assim como o das artes em geral, é influenciado por diversas variáveis, sendo a mais notável a lei da oferta e da procura. Assim, nada mais honesto e justo que dar ao leitor a cotação da época, baseando nossa avaliação na tendência do mercado, é a nossa filosofia. Essa "necessidade" de se alterar os preços de todas as moedas não corresponde à realidade. Em alguns casos, um exemplar possa permanecer inalterado ou mesmo sofrer um decréscimo de um ano para outro.

Consideramos um erro classificar a raridade em função do número de exemplares conhecidos. É assunto extremamente relevante e deve ser tratado com seriedade. O Catálogo Bentes estabelece um critério próprio, a fim de conceder a um moeda, o "título" de "da mais alta raridade".

Classificação dos graus de raridade de uma moeda

 Código

Grau de raridade

Descrição

CC

Muito comum

Frequentemente disponível no mercado

C

Comum

Facilmente encontrada no mercado

E

Escassa

Exemplar encontrado com relativa escassez

R

Rara

Exemplar encontrado com dificuldade no mercado

R2 / RR

Muito rara

Difícil de ser encontrada no mercado, em curto período de tempo

R3 / RRR

Raríssima

Aparece com grande dificuldade no mercado

R4 / RRRR

Extremamente rara

De grandíssima raridade, aparecendo poucas vezes no mercado, num período não inferior a 50 anos

R5 / RRRRR

Da mais alta raridade

Quatro, no máximo, 5 exemplares, de melhor conjunto (data, tiragem, estado de conservação, etc). Praticamente inexistente no mercado

Única

Única

Termo que jamais pode ser abreviado. Indica o exemplar do qual não se conhece outro

 

Fonte: http://www.moedasdobrasil.com.br/raridade.asp