
Os Metais Usados nas Moedas do Brasil
Nossas moedas já foram confeccionadas em diversos tipos de materiais, porém, essencialmente, metais. No entanto, não necessariamente, metal puro. É muito comum a utilização de ligas metálicas (junção de diversos tipos de metais misturados).
Mais recentemente, já na época do real, aparece a novidade de dois metais em uma mesma moeda. A moeda de 1 real foi inicialmente apresentada com um anel de alpaca e um miolo em cuproníquel para, a partir de 2002, ser modificada para anel de aço revestido de bronze e miolo de aço inox.
A pureza do metal é indicada quando da atribuição à informação do material, um determinado valor numérico, parcela de 1000, chamado de título. Por exemplo: prata título 900 ou prata 900 significam 90% de prata, o resto, são impurezas ou, quando em maior presença, destacado por fazer parte de uma liga metálica.
Cobre
Em todas as moedas de cobre emitidas pelo Brasil até o final do Império, a titulagem é 1000, ou seja, 100% cobre - cobre puro. Aliás, são as únicas moedas brasileiras de metal 100% puro.
Ouro
O ouro quase chega lá em termos de pureza total. Desde as primeiras moedas mas, oficialmente, a partir de 1688, adotava-se o título 916 2/3 (916,6666...). Em 1860 foi ajustado para 917 até às moedas da República. Esporadicamente, em história mais recente, aparecem algumas comemorativas com título 900, ou seja, 90% de ouro puro e 10% de impurezas.
Prata
Apesar da predominância da prata, na nossa história, muitos elementos fizeram composição com esse material em nossas moedas:
De 1851 a 1867: título 916 2/3 (916,66666...)
- De 1886 a 1889: título 916 2/3 (916,66666...)
- Outras moedas de prata título 916 2/3: as de 20, 40, 75, 80, 100, 150, 160, 200 (exceto de 1867 a 1869), 300, 320, 400 (exceto a de 1900), 500 (exceto de 1867 a 1868 e 1889 República), 640, 1000 (exceto 1869 e de 1889 República a 1900) e 2000 réis (exceto 1868 a 1876, 1891 a 1900)
- As de 960 réis costumavam ser titulagem 896
- De 1867 a 1869, para os valores de 200 e 500 réis: título 835
- 1000 réis, 1869: título 900
- 2000 réis, 1869 a 1876: título 900
- De 1889 a 1900: título 917
- De 1906 a 1913: título 900
- De 1922 a 1935: título 500 (meia prata) = 50% prata, 50% cobre
- 5000 réis, 1936 a 1938: título 600 = 60% prata e 40% cobre
- 2000 réis, 1935: 500, meia prata, 50% prata e 50% cobre
- 2000 réis, 1932: prata 500 = 50% prata, 40% cobre, 5% níquel e 5% zinco
- 2000 réis, 1924 a 1934: 500 = 50% prata e 50% cobre
- 2000 réis, 1922: primeiramente prata 900 (90% prata e 10% cobre), posteriormente, meia prata, ou prata 500 (50% prata e 50% cobre)
- Cr$ 20,00, 1972: título 900
- NCz$ 200, 1989: título 999 (99,99% prata) - praticamente pura
- Cr$ 500, 1992: 925 (92,5% prata)
- Cr$ 2000, 1992: título 925 (92,5% prata)
- As comemorativas em prata do real, geralmente título 925 (92,5% prata)
As moedas de prata, como observado, podem ser encontradas com uma gama grande de variação em sua pureza, desde as com meros 50% a até as com 99,9%, quase pureza total.
Níquel
As moedas classificadas como de “níquel”, que vão de 1871 a 1889, seriam impropriamente assim chamadas pois, já se tratava da liga composta de 25% de níquel e 75% de cobre: o cuproníquel. Em níquel puro, foram somente as emissões das moedas de Cr$ 0,50 de 1967 e Cr$ 1,00 de 1970 e 1972.
Curiosamente, há uma maneira bastante simples de se detectar níquel puro: ele é atraído pelo imã enquanto que, as ligas, não.
Cuproníquel
Liga metálica formada por cobre (75%) e níquel (25%). Muito comum em várias épocas de nosso moedário. Principalmente no período de 1871 a 1922. Apesar da predominância do cobre, prevalece a coloração "prateada" do níquel na moeda.
Níquel rosa
Uma variação do cuproníquel onde a quantidade de cobre se faz ainda mais presente. Liga metálica formada por cobre (88%) e níquel (12%). Dada a grande quantidade de cobre, essas moedas apresentam um tom róseo.
Bronze-alumínio
Liga metálica formada por cobre (91%) e alumínio (9%). A partir de 1935, essa liga passou a ser composta de cobre (90%), alumínio (8%) e zinco (2%), sendo que o zinco divide espaço com impurezas. A coloração puxa para um tom amarelado.
Bronze
A liga de bronze já foi material de moedas no período de 1868 a 1912. No entanto, na realidade, é quase cobre puro pois, sua composição é de 95% de cobre, 4% de estanho e 1% de zinco. Mesmo assim, predomina ainda um tom amarelado.
Alumínio
Curto período no Brasil: de 1956 a 1961. O alumínio começou a já ser utilizado, em pequenas quantidades, desde 1907, fazendo liga com outros elementos mas, sua utilização mais "pura" mesmo, somente aconteceu durante o período Militar onde sua titulagem era de 99,5% de alumínio e 0,5% de outros elementos.
Aço inoxidável (Aço inox)
As primeiras moedas no Brasil em aço inoxidável surgiram em 1967 e continuam se mantendo até os nossos dias. O aço inoxidável é uma composição de ferro e cromo, sendo o cromo o grande responsável por garantir à liga a resistência à corrosão.
Alpaca
Liga de níquel (19%), cobre (61%) e zinco (20%). Utilizada no anel externo das moedas de 1 real, entre 1994 a 1999. Também conhecida como "metal branco" ou "liga branca".
Aço-carbônico
Utilizado na segunda família de moedas do real é uma liga composta de ferro e carbono. Não tem o brilho do aço inoxidável mas também não é utilizado de forma visível. Sua utilização é sempre como base para ser revestido por outro material como o cobre ou o bronze.
Em Ensaios Monetários e Provas de Cunho
O material utilizado para ensaios e provas de cunho não precisa ser, necessariamente, o mesmo do produto final. Temos relato de ensaios e provas feitos de:
ALPACA - 20 réis de 1861, 50 réis de 1922 , 200 réis de 1901, e outras.
CHUMBO - 960 réis de 1809 e 400 réis de 1917.
LATÃO - Cr$ 0,50 de 1941, Cr$ 300,00 de 1972.
MADEIRA - Entre 1870 a 1887.
PALÁDIO - 10 réis de 1863.
PLATINA - 2000 réis, sem data, no 2º Império.
ZINCO - 20 réis de 1864, 2000 réis de 1935 e 500 réis de 1936
As moedas do Real
Primeira família:Todas em aço inoxidável (liga de ferro e cromo).
Segunda família:
Moeda de 1 e 5 centavos:Composta de aço (liga de ferro e carbono) revestido de cobre.Moeda de 10 e 25 centavos:Aço (liga de ferro e carbono) revestido de bronze (liga de cobre e estanho).
Moeda de 50 centavos:
Até 2001, cuproníquel (liga de cobre e níquel). De 2002 em diante, aço inoxidável (liga de ferro e cromo).
Moeda de 1 real:
Até 1999, anel em alpaca (liga de níquel + cobre + zinco) e miolo em cuproníquel (cobre e níquel). De 2002 em diante, anel em aço (liga de ferro e carbono) revestido de bronze (liga de cobre e estanho) e miolo em aço inoxidável (liga de ferro e cromo).
Observações:
Segue tabela com características técnicas das moedas da segunda família do Real, bem como das mudanças das moedas de R$ 0,50 e R$ 1,00 a partir de junho de 2002.
2ª família - aço inox
Características Técnicas:
Valor Facial |
Diâmetro |
Peso |
Espessura |
Bordo |
Material |
---|---|---|---|---|---|
0,01 |
17,00 |
2,43 |
1,65 |
liso |
Aço revestido |
0,05 |
22,00 |
4,10 |
1,65 |
liso |
Aço revestido |
0,10 |
20,00 |
4,80 |
2,23 |
serrilhado |
Aço revestido |
0,25 |
25,00 |
7,55 |
2,25 |
serrilhado |
Aço revestido |
0,50 |
23,00 |
9,25 |
2,85 |
legenda * ORDEM E |
Cuproníquel |
0,50 |
23,00 |
7,81 |
2,85 |
legenda * ORDEM E |
Aço inox |
1,00 |
27,00 |
7,84 |
1,95 |
Serrilha |
Cuproníquel (núcleo) |
1,00 |
27,00 |
7,00 |
1,95 |
Serrilha |
Aço inox (núcleo) |
Mudanças das moedas - R$0,50 e R$1,00
A partir de junho de 2002, o Banco Central colocou em circulação moedas de R$0,50 e de R$1,00 com pequenas modificações em suas características físicas.
Um aumento significativo no preço dos materiais utilizados na fabricação das moedas levou o Banco Central a estudar alternativas para garantir a continuidade na sua produção. A solução encontrada foi a substituição dos metais utilizados: o cuproníquel e a alpaca foram trocados, respectivamente, pelo aço inoxidável e pelo aço revestido de bronze.
Na prática, as modificações na moeda de R$0,50 – de disco prateado – e na de R$1,00 – de núcleo prateado e anel dourado – são pouco significativas. Além de apresentarem pequenas alterações de tonalidade e brilho, as novas moedas ficaram ligeiramente mais leves. Já os desenhos de ambas não sofreram nenhuma modificação.
As novas moedas mantêm as atuais características de segurança contra falsificações e permanecem sendo aceitas nos equipamentos de venda automática. As moedas que estão em circulação continuam valendo.